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Nossa obsessão pelo crescimento econômico e pelo sistema de valores que lhe é subjacente criou um meio ambiente físico e mental no qual ávida se tornou extremamente insalubre. Talvez o aspecto mais trágico desse dilema social seja o fato de que os perigos à saúde criados pelo sistema econômico são causados não só pelo processo de produção, mas pelo consumo de muitos dos artigos que são produzidos e promovidos por campanhas maciças de publicidade para alimentar a expansão econômica. A fim de aumentar seus lucros num mercado saturado, os fabricantes têm de produzir seus artigos a um custo menor, e uma das formas de o conseguirem é rebaixar a qualidade dos produtos. Para satisfazer os fregueses, apesar de esses produtos serem de baixa qualidade, vastas somas de dinheiro são gastas para condicionar a opinião e o gosto do consumidor através da publicidade. Essa prática, que se converteu em parte integrante da nossa economia, acarreta um sério risco para a saúde, porque muitos dos artigos produzidos e vendidos desse modo têm um efeito direto sobre a nossa saúde.
A indústria de produtos alimentícios representa um notável exemplo dos riscos para a saúde gerados por interesses comerciais. Embora a nutrição represente uma das mais importantes influências sobre a nossa saúde, isso não é enfatizado em nosso sistema de assistência à saúde, e os médicos são notoriamente ignorantes quando se trata dessa questão. No entanto, as características básicas de uma dieta saudável são perfeitamente conhecidas. Para ser saudável e nutritiva, nossa dieta alimentar deve ser bem balanceada, pobre em proteína animal e rica em carboidratos naturais, não-refinados. Isso pode ser conseguido se nos apoiarmos em três alimentos básicos: cereais integrais, legumes e frutas. Ainda mais importantes que a composição detalhada da nossa dieta são os três requisitos seguintes: nossos alimentos devem ser naturais, consistindo em alimentos orgânicos em seu estado natural e inalterado; devem ser integrais, completos e não refinados ou enriquecidos; e devem ser isentos de venenos, isto é, cultivados organicamente, sem resíduos químicos venenosos ou aditivos tóxicos. Esses requisitos dietéticos são extremamente simples e, no entanto, é quase impossível atender a eles no mundo de hoje.
Para expandir seus negócios, os fabricantes de produtos alimentícios adicionam conservantes ao alimento, a fim de aumentar sua vida nos pontos de venda; eles substituem saudáveis alimentos orgânicos por produtos sintéticos e tentam compensar a falta de conteúdo nutritivo adicionando sabores artificiais e corantes. Tais alimentos artificiais, superprocessados, são divulgados através de maciças campanhas publicitárias em outdoors e na televisão, juntamente com as bebidas alcoólicas e os cigarros, outro grande risco para a saúde. Uma enxurrada de “comerciais” nos impinge “sucata alimentar” – refrigerantes, sanduíches, alimentos com alto teor de gordura – comprovadamente nociva à saúde. (Fonte: O Ponto de Mutação, de Fritjof Capra)
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