terça-feira, 30 de dezembro de 2008

LIBAÇÃO
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É do nascedouro da vida a grandeza.
É da sua natureza a fartura
a proliferação
os cromossomiais encontros,
os brotos os processos caules,
os processos sementes,
os processos troncos,
os processos flores,
são suas mais finas dores.
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As consequências cachos,
as consequências leite,
as consequências folhas,
as consequências frutos,
são suas cores mais belas.
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É da substância do átomo
ser partível produtivo ativo e gerador.
Tudo é no seu âmago e início,
patrício da riqueza, solstício da realeza.
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É da vocação da vida a beleza
e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la
com nossos minúsculos gestos ratos
nossos fatos apinhados de pequenezas,
cabe a nós enchê-la,
cheio que é o seu princípio.
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Todo vazio é grávido desse benevolente risco,
todo presente é guarnecido
do estado potencial de futuro.
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Peço ao ano-novo
aos deuses do calendário
aos orixás das transformações:
nos livrem do infértil da ninharia
nos protejam da vaidade burra
da vaidade "minha" desumana sozinha.
Nos livrem da ânsia voraz
daquilo que ao nos aumentar
nos amesquinha.
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A vida não tem ensaios
mas chances.
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Viva a burilação eterna, a possibilidade:
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores.
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Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!
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Elisa Lucinda

Um comentário:

lorisroots disse...

sou bem leigo me ajude, quem canta esta maravilha de poesia, muito atual