CLAUDIUS LINTON (1941-2010)
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Cinco dias depois da morte de Sugar Minott, no dia 10 de julho, morre um outro grande vocalista jamaicano: Claudius Linton.
Claudius Linton é mais um dos tantos talentos jamaicanos desperdiçados. Após gravar muitas faixas de grande sucesso nos anos 70 e início dos anos 80, inexplicavelmente o cantor caiu no ostracismo por um longo tempo, e justamente quando ensaiava um retorno triunfal, veio a falecer.
Sua história começou na costa norte da Jamaica, mais precisamente em Duncan's Bay, onde ele nasceu no ano de 1941. Vindo de uma família pobre do interior - no total eram 11 irmãos - Linton mudou-se sozinho para a capital Kingston por volta dos 16 anos de idade.
Foi então que começou o seu envolvimento com a música. Logo, o garoto do interior passou a frequentar a famosa avenida Orange Street, onde a maioria das lojas e dos grandes artistas se concentravam. Foi lá que Linton conheceu Cecil Hemmings, com quem formou o grupo Angelic Brothers. O grupo gravou apenas uma ou duas faixas para o produtor Justin Yap do selo Top Deck, no início dos anos 60.
Após a tentativa frustrada, Linton decidiu dedicar-se mais a aprender e evoluir musicalmente antes de voltar a se aventurar no mercado.
No ano de 1972, Linton novamente se juntou com seu antigo parceiro Cecil Hemmings e desta vez gravando sob o nome de Hoffner Brothers, eles tiveram um relativo sucesso com a faixa "The King Man Is Back".
Após gravar mais algumas poucas faixas com o Hoffner Brothers, Claudius Linton decidiu seguir carreira solo e, com a ajuda de um conhecido, lançou o seu próprio selo intitulado "Lion". Porém, Linton teve enormes dificuldades para lançar alguns singles e, sem obter muito sucesso, o selo "Lion" acabou falindo.
Mas Linton não desistiu da música. Pelo contrário, seguiu compondo e tocando em busca de mais oportunidades. Por volta de 1974, ele se mudou para Ocho Rios, e decidiu lançar outro selo intitulado "Peacemakers".
Foi neste selo que Linton lançou a faixa "Backra Masa", sua primeira música solo que teve alguma repercussão. Em 1975, criou um novo selo intitulado "Black Star", no qual lança novamente a faixa "Backra Masa" e o seu grande clássico, "Crying Time", que acabou atingindo o topo das paradas jamaicanas da época.
Em seguida, Claudius Linton lançou "Put Your Shoulder To Jah Wheel" e mais algumas faixas de relativo sucesso e depois disso ficou alguns anos sem gravar. No início dos anos 80 Linton também gravou duas faixas para o produtor Jack Ruby, "Chun Pon Nanny" e "Reduce The Arms Race".
Passando por sérias dificuldades financeiras e cansado de ser enganado no ramo, Linton sumiu do mercado, mas jamais abandonou a música.
Porém sua história não havia acabado. Mais de 20 anos se passaram, e um encontro do acaso mudou a trajetória de Linton nos últimos anos, para o bem e para o mal. Na praia de Negril, em meados de 2006, Claudius Linton conheceu o produtor americano Ian Jones.
Após algumas horas tocando e cantando juntos, Linton e Jones foram para um pequeno estúdio e gravaram as duas primeiras faixas como Kingman & Jonah.
O produtor Ian Jones retornou para os EUA e decidiu lançar uma coletânea dos singles da década de 70 e 80 de Claudius Linton, no seu próprio selo "Sun King Records".
O resultado foi o excelente CD "Roots Master: The Vintage Roots Reggae Singles", que trouxe o nome de Claudius Linton de volta ao cenário musical. (Postado aqui no blog)
Em 2007, Jones foi até a Jamaica, e a dupla Kingman & Jonah adentrou o famoso estúdio Tuff Gong. Com uma banda recheada com os melhores músicos jamaicanos, a dupla gravou o álbum "Sign Time", que foi lançado em 2008.(Também postado aqui no blog)
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Ambos os CDs foram muito bem recebidos pelo público e pela crítica, muitos dos quais nunca haviam ouvido falar de Claudius Linton.
Após algum tempo colaborando a distância, Linton viajou para os EUA no início de 2009 para fazer uma turnê ao lado do parceiro Ian Jones. Porém, a turnê de Kingman & Jonah pelos EUA teve vida curta. Após alguns shows, houve um desentendimento, e a dupla acabou se desfazendo.
Logo, Linton se viu novamente na rua, passando por sérias dificuldades financeiras, e sem fazer shows e nem receber pelos CDs que vinham sendo vendidos. Desde o final do ano passado, Claudius Linton vinha vagando pelos EUA, às vezes dormindo em abrigos, e muitas vezes na rua.
Após passar pelas cidades de Baltimore e Utah, Linton foi parar em Los Angeles, onde morou durante três meses na praia de Venice, tentando ganhar algum dinheiro tocando na rua. No início deste ano, ele acabou indo parar no hospital, muito doente por estar dormindo na rua.
Após ser medicado, Linton foi enviado para uma casa de desabrigados em Long Beach, onde conheceu o músico e voluntáriof
Jeff Levine, que ficou surpreso por encontrar um artista de tal calibre em situação de rua.
Jeff ajudou Linton a conseguir remédios de graça para a diabetes e para pressão alta, e também a conseguir cordas novas para o seu violão. Linton vinha desde então lutando para voltar ao mercado da música e para ter o que comer. Eventualmente ele retornava ao abrigo onde conheceu Jeff para almoçar.
Recentemente, o músico Tony Chin, da banda Soul Syndicate, esteve em contato com Claudius Linton e ambos conversaram a respeito de novas gravações. Mas infelizmente Linton não teve mais uma chance.
O próprio músico Tony Chin confirmou a morte de Claudius Linton, assim como o site da gravadora Sun King Records, do mais recente parceiro Ian Jones. Claudius Linton faleceu no dia 15 de julho e ainda não se sabe o local ou a causa exata de sua morte.
E nem tampouco saberemos se Claudius Linton finalmente teria o reconhecimento que merece. Mas a sua música permanece viva, e nunca é tarde para se homanegear e reconhecer o quanto um grande talento foi injustiçado. (
Fonte: Texto de Guno Santos publicado no site http://www.rasta.com.br)